Max Weber

Os três tipos puros de dominação legítima


O Poder é, do ponto do vista sociológico, amorfo (sem formas definidas, informes) já que “significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. Portanto não se limita a nenhuma circunstancia social especifica, dado que a imposição da vontade de alguém pode ocorrer em inúmeras situações.

A Dominação é um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do domínio ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência), ou seja, existe uma relação social de poder desigual, de um lado os que comandam (domina) e outro que obedecem (dominados). É o que acontece na democracia do Brasil. As relações de dominação são necessárias, para a manutenção da ordem social. Onde voto da maioria dos eleitores escolhe o partido ou candidato para representá-los no poder, ou seja, nas bases jurídicas, que dão legitimidade que a dominação precisa. A dominação ou produção da legitimidade, da submissão de um grupo a um mandato.
Segundo estudos apresentados por Max Weber, existem três tipos puros de dominação legítima, que são:


*Dominação Legal: seu mecanismo é baseado num estatuto com regras bem definidas, onde os direitos podem ser modificados ou recriados. A associação dominante é eleita e nomeada e seus funcionários nomeados pelo Eleito. O dever de obediência está graduado numa hierarquia de cargos e a base do funcionamento técnico é a disciplina no serviço.A burocracia administrativa, sua principal característica, constitui o tipo tecnicamente mais puro da dominação legal, cujo trabalho rotineiro geralmente está entregue.
O quadro administrativo consiste em funcionários e membros que devem obedecer a uma regra estatuída que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer.
O ideal dessa dominação é trabalhar sem a menor influência de motivos pessoais e sem influências sentimentais de espécie alguma.
A exoneração e a renúncia são igualmente livres dentro deste regime, o que normalmente submete os dominados às normas da empresa.
Penso que a máquina do Estado atual (municipal, estadual e federal) se encaixam nesta visão de dominação autorizada, assim com os Sindicatos e Associações (de funcionários, de bairros, etc) que muitas vezes decidem pela maioria, instituídas de um poder por seus próprios membros, que mesmo reprovando alguns atos, nada fazem para mudar a situação.Acredito que muitos Programas de Qualidade Total das empresas privadas se encaixam aí. É incutido nos funcionários que tudo devem fazer para que a empresa progrida e obtenha lucro, esquecendo a importância dos relacionamentos, da afetividade e da realização pessoal dos funcionários.


*Dominação Tradicional: significando aquela em que a relação de obediência se da por motivo do hábito, isto é, já faz parte dos costumes e das tradições, definida como crença na rotina de todos os dias como forma inviolável de conduta. É uma relação enraizada na sociedade.
Um exemplo bastante evidente de dominação tradicional é da sociedade patriarcal (de pai de família) em que as relações de obediência vão dos filhos (comparados a súditos) em direção aos pais (comparados a senhores feudais, chefe da parentela ou soberano), onde obedece-se por respeito, fidelidade, hábito etc, (A conotação patriarcal está cada vez mais escassa, pois atualmente a família está muito desestruturada e muitas tradições são vistas como "coisas do passado". Chefe da família é quem sustenta a casa, muitas vezes é a mulher que assume este papel).
Para o funcionamento administrativo das sociedades tradicionais, na escolha dos quadros funcionais, são utilizados critérios como fidelidade, parentesco, amizade, onde o necessário conceito de competência, qualificação, imparcialidade, não é considerado, porque as relações dominantes não estão ligadas ao dever ou a disciplina necessária à execução das tarefas do cargo, mas na fidelidade do servidor ao patriarca.
Exemplos característicos deste tipo de dominação são encontrados em empresas familiares, onde existe a figura do “pai-patrão”. Nestas as relações entre família e trabalho são entrelaçadas não conseguindo se visualizar diferenças nas relações entre duas.
Predomina nessa dominação uma combinação de princípios ético-sociais e utilitário-sociais.


*Dominação Carismática: é fundamentada em virtude da devoção a um líder forte e aos seus dotes sobrenaturais, heróicos, intelectuais ou de oratória.
A relação de subordinação que se dá do dominado ao líder e acontece por que este (o líder) possui qualidades excepcionais, essas podem ser dons sobrenaturais, a coragem, a inteligência, faculdades mágicas, heroísmo, poder de oratória. O tipo que manda é o “líder”, quem obedece é o “apóstolo”.
A dominação carismática é uma relação social extracotidiana e puramante pessoal, temos liberdade religiosa, podemos escolher qual religião está de acordo com o que acreditamos e apresenta os princípios que queremos nos submeter.
Todavia, só existe dominação enquanto estas qualidades excepcionais (carisma) da liderança apresentarem resultados, quando estas qualidades passam a falhar a forma de dominação também desaparece, ou seja, não existem regras na administração, é característica deste tipo de dominação a criação momentânea. O líder tem que se fazer acreditar por meio de milagres, êxitos e prosperidade dos seus apóstolos. Se o êxito lhe falta, seu domínio oscila.
Podemos citar como exemplo contemporâneo, políticos messiânicos que com discursos altamente demagógicos arrastam multidões e prometem soluções mágicas, que na maioria dos casos não se concretizam e então são rapidamente esquecidos, substituídos e até desprezados. Outro exemplo é o caso de determinadas religiões ou seitas (e aqui não se apresenta nenhum preceito contra ou favor a nenhuma delas) onde “líderes” prometem soluções rápidas para todo o tipo de problema.


Conclusão

Podemos ver claramente os três tipos de dominação como:
-Dominação legal = equivale às empresas atuais, onde os funcionários são subordinados a seus superiores. Também considero clara este tipo de dominação nos nossos governos.
-Dominação tradicional = é visível em grupos familiares, onde o pai é o patriarca, o senhor e todos seguem suas regras, porque já nascem dentro deste meio social, com costumes e hábitos enraizados.
-Dominação carismática = pode ser vista nas igrejas, templos, religiões que têm surgido atualmente. Cada vez mais as pessoas buscam um “líder”, alguém que lhes dê a solução dos seus problemas com magias, atos sobrenaturais ou milagres.


Fontes:

Texto sobre MAX WEBER colocado a disposição na pasta do prof.Clesio. Xerox, 3º andar.
http://www.culturabrasil.org/weber.htm
www.espacoacademico.com.br/043/43res_carvalho.htm