Analise Socio econômico da Sociedade Capitalista

- Vamos destacar nesse assunto Karl Marx, pensador e autor de varias obras sobre este exato assunto.

Entao assim começamos por conhecer primeiramente quem foi Marx e quais sao suas obras.

Karl Heinrich Marx, nasceu numa família de classe média. Seus pais eram judeus que tiveram que se converter ao cristianismo em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público. Em 1835, Marx ingressou na Universidade de Bonn para estudar Direito, mas, já no ano seguinte, transferiu-se para a Universidade de Berlim, onde a influência de Hegel ainda era bastante sentida, mesmo após a morte (em 1831) do celebrado professor e reitor daquela universidade. Ali, os interesses de Marx se voltam para a Filosofia, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Doutorou-se em 1841 com uma tese sobre as "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro". Nesse mesmo ano, concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com a dialética de Hegel.
Impedido de seguir uma carreira acadêmica, tornou-se, em 1842, redator-chefe da Gazeta renana. Com o fechamento do jornal pelos censores do governo prussiano, em 1843, Marx emigra para a França. Naquele mesmo ano, casou-se com Jenny von Westphalen. Desse casamento, Marx teve cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura e Guido. Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições financeiras a que a família estava submetida. Marx já havia sido privado da oportunidade de seguir uma carreira acadêmica na Alemanha pelo recrudescimento do absolutismo prussiano, que tornava suas posições como hegeliano de esquerda inaceitáveis, e, com a Revolução de 1848 e o exílio que se seguiu a ela, foi obrigado a abandonar o jornalismo na Alemanha e tentar ganhar a vida na Inglaterra como um intelectual estrangeiro desconhecido com meios de subsistência precários, sofrendo, assim, a sorte comum destinada pela época às pessoas destituídas de "meios independentes de subsistência" (isto é, viver de rendas), e sua incapacidade de ter uma existência financeiramente desafogada não parece ter sido maior do que a dos seus contemporâneos Balzac e Dostoievsky. Durante a maior parte de sua vida adulta, sustentou-se com artigos que publicava ocasionalmente em jornais alemães e estadunidenses, bem com por diversos auxílios financeiros vindos de seu amigo e colaborador Friedrich Engels. Tentava angariar rendas publicando livros que analisassem fatos da história recente, tais como "O dezoito brumário de Luís Bonaparte", mas obteve pouco retorno com essas empreitadas.

Engels e Marx (em cima) Jenny Laura e Eleanor.
Karl Marx teve um filho nascido da relação extraconjugal com Helen Demuth, empregada em sua casa (Frederick Lewis Demuth). Não podendo perfilhá-lo, arranjou para que fosse reconhecido como filho por Engels. Apesar do que se possa aparentar, sua esposa foi paciente em relação a todos esses ocorridos, mesmo porque ela, uma filha de nobres e amiga de infância de Marx, casa-se com ele por desejo, e não por arranjo cerimonial (comum naquele período). Marx foi, no mais, um pai vitoriano convencional: procurou casar bem suas filhas, de modo a poupá-las dos sofrimentos que haviam sido inflingidos por sua atividade revolucionária à sua mãe (como ele diz numa carta a seu futuro genro Paul Lafargue) e chegou a impedir o enlace de sua filha Eleanor com o revolucionário francês e historiador da Comuna de Paris Lissagaray.
Friedrich Engels declamou estas palavras quando da morte de Marx, quinze meses após a perda da esposa:
Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por estas suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar.
(...)
Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.




Sendo assim podemos discutir para pricipio de nosso estudo que Marx foi um intelectual alemão, Economista, sendo considerado um dos fundadores da Sociologia. Também é possível encontrar a influência de Marx em várias outras áreas, tais como: Filosofia,História, já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento operário, sendo que ambos (Marx e o movimento operário) influenciaram uns aos outros durante o período em que o autor viveu.
Atualmente é bastante difícil analisar a sociedade humana sem se referenciar, em maior ou menor grau, à produção de Karl Marx, mesmo que a pessoa não seja simpática à ideologia construída em torno do pensamento intelectual dele, principalmente em relação aos seus conceitos econômicos.


Principais obras
Manuscritos econômico-filosóficos (Ökonomisch-philosophische Manuskripte), 1844 (publicados apenas em 1930);
A Guerra Civil na França
Crítica da Filosofia do Direito de Hegel
A Sagrada Família (Die heilige Familie), 1845;
A Ideologia Alemã (Die deutsche Ideologie), 1845-46;
Miséria da Filosofia (Das Elend der Philosophie), 1847;
Manifesto do Partido Comunista (Manifest der Kommunistischen Partei), 1848;
Trabalho assalariado e Capital, 1849;
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (Napoleão III Luís Bonaparte) (Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte) (publicado em 1852 em jornais e em 1869 como livro );
Contribuição à Crítica da Economia Política, 1859
O Capital (Das Kapital) - Livro I, publicado em 1867; Livros II e III, publicado postumamente por Engels. Outros textos foram publicados por Karl Kautsky
Crítica ao Programa de Gotha
Formações Econômicas pré-capitalistas (Grundrisse)




Teoria
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Em uma pesquisa recente da rádio BBC de Londres, Karl Marx foi votado como sendo o maior filósofo de todos os tempos. O que seria irônico, já que este ironiza as veleidades ilusórias dos filósofos(principalmente os filósofos idealistas alemães). Como filósofo, se posiciona muito mais numa supra-filosofia, em que "realizar" a filosofia é antes "abolí-la", ou ao realizá-la, ela mesma se aniquila.
Marx foi diretamente influenciado por Ludwig Feuerbach, que já anunciava uma visão invertida de Hegel, a inversão materialista do hegelianismo. Dizia que Hegel tinha posto o homem de "ponta-cabeça" e explicava seu "materialismo contemplativo"(termo de Marx) através da afirmação que a "maçã" é anterior a "idéia de maçã". Marx evolui dessa ramificação do hegelianismo, que já superava o idealismo revolucionário dos Jovens Hegelianos, de cujo movimento participou. Seu pensamento engajado com as lutas proletárias se edificou em base de uma grande síntese de três fontes: a Economia Política inglesa, o socialismo(ou sociologia) francês e a filosofia alemã.
Dessa síntese formulou uma nova lógica ou teoria histórica, que ficou conhecida como "materialismo dialético histórico". Esta consistia no desenvolvimento bem mais elevado que as intuições do materialismo feuerbachiano sobre uma interpretação materialista e dialética do devir da humanidade(evolução histórica). A realidade material produz as condições de vida que expõe ao "homem" sua circunstância existencial, cujo partirá todas as suas idéias de mundo, ou seja, ideologias. Não é a idéia que produz a realidade, é a realidade que produz idéias. Mas dialeticamente se corelacionam e se sintetizam em uma práxis social.
Dentro das duas ordens de pensamento existente na alemanha, o racionalismo(idealismo lógico) e o romantismo(idealismo sensível), e como evolução e crítica do "materialismo contemplativo" de Ludwig Feuerbach, Marx defendia a "práxis"(ou prática) ou um materialismo ativo. Seu materialismo não pode se definir como meramente empirista, primeiro porque julga Marx que o empirismo é ainda muito abstrato, e segundo porque seu materialismo é dialético. Ou seja, matéria e idéia são categorias que de forma oposta se interelacionam, ou em termo tradicional, trata-se de uma "unidade de opostos". Tendo por a priori, a própria matéria(realidade), o princípio é materialista, mas não é um materialismo absoluto.
Seu pensamento político criticou todas as correntes socialistas por não ter um caráter decididamente transformador, mas somente reformador. Ainda que para Marx, a evolução e a revolução são dialéticas, e que cada partido operário ao realizar suas metas curtas, se abole, pois se torna inútil. Enquanto, a posição que defende, o socialismo científico(para se opor a um socialismo romantico) ou comunismo(revolucionário, para se opor ao mero reformismo); defendia não uma melhoria das condições de vida do proletariado, mas a própria emancipação do proletariado, o fim da condição proletária. Não se tratava de amenizar a exploração, mas de abolí-la. Mas as condições dessa emancipação, que só a prática poderia realizar, estava nas condições reais em que estava inserida. Por isso, em Marx, é o desenvolvimento do capitalismo que cria a proletarização, que é o exército que irá destronar a burguesia. E a própria hostilidade que o capitalismo produz sobre a condição proletária é que cria as condições subjetivas para explodir uma revolução.
Criticou também o anarquismo por sua visão ingênua do fim do Estado, por querer acabar com o Estado "por decreto", ao invés de acabar com as condições que fazem do Estado uma necessidade e realidade. Criticou o blanquismo com sua visão elitista de partido(muito parecida com a teoria de partido de Lenin, a vanguarda proletária, por ter uma tendência autoritária e superada. Se posicionou a favor do liberalismo, não como solução para o proletariado, mas como premissa para maturação das condições positivas e negativas da emancipação proletária, como a da homogenização da condição proletária internacional gerado pela "globalização" do capital. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que o desenvolvimento econômico ofereceria para a emancipação proletária, tanto em sentido negativo(desemprego), como em sentido positivo(aonde o próprio capital centralizaria a economia, exemplo: multinacionais).
Na lógica do materialismo dialético histórico não é a realidade que move a si mesmo, mas comove os atores, se trata sempre de um "drama histórico"(termo que Marx usa em 18 de Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num materialismo mecânico(positivismo), oposto ao materialismo dialético. O materialismo dialético histórico, poderia também ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". Ou seja, as relações entre a realidade e as idéias se fundem na práxis, e a práxis é o grande fundamento do pensamento de Marx. Pois sendo a história uma produção humana, e sendo as idéias produto das circunstâncias em que tais ideais brotaram, fazer história é a grande meta. E o próprio fazer da história criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes, já que a objetividade histórica é produto da humanidade(dos homens associados, luta política, etc). E assim Marx finaliza as teses de Feuerbach, não se trata de interpretar diferentemente o mundo, mas de transformá-lo. Pois a própria interpretação está condicionada ao mundo posto, só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente.
A grande obra de Marx é O Capital, aonde trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não só. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade, cultura, política, filosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, científica, filosófica, etc. Uma obra de difícil leitura, ainda que suas categorias não tenha a ambiguidade especulativa própria da obra de Hegel, no entanto, uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil. O Capital nao é apenas uma grande obra por ser a obra que Marx se dedicou com mais profundidade e extensão. Dentro da estrutura do pensamento de Marx, só uma obra como O Capital é o principal conhecimento, tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, já que através de uma análise radical da realidade que está submetido, só assim poderá se desviar da ideologia dominante("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante"), como poderá obter uma base concreta para sua luta política.
Na obra Ideologia Alemã, Marx apresenta cuidadosamente os pressupostos de seu novo pensamento. No Manifesto Comunista apresenta sua tese política básica. Na Questão Judaica apresenta sua crítica religiosa, que diz que não se deve apresentar questões humanas como teológicas, mas as teológicas como questões humanas. E que afirmar ou negar a existência de deus, são ambas teologia. O ponto de vista deve ser sempre o de ver as religiões como reflexões humanas fantasiosas de si mesmo, mas que representa a condição humana real a que esta submetido. Na Crítica do Programa de Gotha, Marx faz a mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade socialista, ainda que sempre tente desviar desse tipo de "futurologia", por não ser rigorosamente científica. Em Guerra Civil na França, Marx supera todas as suas tendencias jacobinas de antes, e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condições de manter o próprio poder recém conquistado, e o fim do Estado é literalmente o "povo em armas", ou seja, o fim da "monopólio da violência" que o Estado representa. Em 18 de Brumário de Luis Bonaparte, já está uma profunda análise sobre o terror da "burocracia" e como esta representa a camada camponesa, que por sua propria condição(como ele explica) tem tendências autoritárias.
A coloboração de Engels em todos os textos de Marx foi de suma importância, ainda que este sempre frise a superioridade de Marx. Uma das obras mais importantes de Engels para o comunismo é a obra "do socialismo utópico ao socialismo científico", aonde apresenta de forma mais clara as diferenciações do socialismo de Estado(Lassalle) com a do socialismo científico(aonde a tomada do Estado tem apenas valor transitório), e aonde apresenta o Estado como sendo um "capitalista coletivo". Marx considerava a sociedade extremamente capitalista e acreditava que o capitalismo traria divisões sociais.

[editar] Críticas

Jenny e Marx
As críticas que são feitas a Karl Marx se confundem e às vezes são as mesmas críticas que se fazem ao marxismo, comunismo e socialismo. Uma questão chave que é disputada entre os defensores e os críticos de Marx, é até que ponto o pensador pode ser responsabilizado pelo aparecimento de regimes ditatoriais, genocidas e autoritários, que alegam inspirar-se em suas idéias.
Existe grande polêmica, por exemplo, se o Estado policial na União Soviética e os gulags seriam conseqüências do pensamento de Marx ou frutos de uma má interpretação feita por parte de seus seguidores.
Em Miséria do historicismo (1935, 1944), Karl Popper discorda de Marx de que a história obedece a leis que se compreendidas podem servir para se antecipar o futuro. Segundo Popper, a história não pode obedecer a leis e a idéia de "lei histórica" é uma contradição em si mesma. Já em A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Popper afirma que o historicismo conduz necessariamente a uma sociedade "tribal" e "fechada", com total desprezo pelas liberdades individuais. O problema com esta crítica de Popper é sobre se Marx teria realmente concebido um historicismo: o que ele faz é, seguindo uma tradição inaugurada por Maquiavel e Hobbes, buscar nos interesses e necessidades concretos dos indivíduos na História a causa fundamental das ações humanas, em oposição às idéias políticas e morais abstratas, mas ele não parece supor que esta busca de realização de interesses tenha conseqüências pré-determinadas, interpretação esta que parece mais resultar de uma influência do evolucionismo darwinista na exegese póstuma do pensamento marxiano realizada pelo "papa" da Social-Democracia alemã, Karl Kautsky, no final do século XIX. A interpretação kautskista seria contestada, de várias formas, por Bernstein, Rosa Luxemburgo, Lenin, Trotsky e Gramsci, entre outros.
Popper considera, ainda, Marx como "não-científico", pelo fato de seu pensamento não ser passível de contestação. Para Popper, uma idéia para ser considerada válida sob o ponto de vista científico, deve estar sujeita à contestação (resta saber, é claro, se afirmações sobre fatos históricos, necessariamente únicos, podem ser, nos termos de Popper, falsificáveis).
Eric Voegelin diz que Marx levanta questões que são impossíveis de serem resolvidas pelo "homem socialista". Vogelin também alega que Marx conduz a uma realidade alternativa, a qual não tem necessariamente nenhum vínculo com a realidade objetiva do sujeito. Voeglin diz que quando a realidade entra em conflito com Marx, Marx descarta a realidade.
Ludwig von Mises demonstrou a impossibilidade de se organizar uma economia nos moldes socialistas, pela ausência do sistema de preços, que funciona como sinalizador aos empreendedores acerca das necessidades dos consumidores. Mises também refinou argumentos formulados por Eugen von Böhm-Bawerk.
Raymond Aron, em O ópio dos intelectuais, (1955) critica de forma agressiva os intelectuais seguidores de Marx e condena a teoria da revolução e o determinismo histórico.
O processo de crítica ao pensamento de Marx iniciou-se desde a publicação de suas primeiras obras, e continuam até hoje. As críticas da época em que ele estava vivo receberam respostas por parte dele e Engels, e, posteriormente, pelos seus seguidores e por intelectuais preocupados em conhecer o pensamento de Marx.
MAIS-VALIA. O conceito de mais valia foi empregado por Karl para explicar a obtenção de lucros contínuos a partir da exploração da mão-de-obra. Os donos dos meios de produção obtêm perte de seus lucros pela exploração do trabalhador.


Marxismo é o conjunto de idéias filosóficas, económicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Interpreta a vida social conforme a dinâmica da luta de classes e prevê a transformação das sociedades de acordo com as leis do desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. Tornou-se base para as doutrinas oficiais utilizadas nos países socialistas, segundo os autores dessas doutrinas.
No entanto, o marxismo ultrapassou as idéias dos seus precursores, se tornando uma corrente política-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes e assumindo posições teóricas e políticas às vezes antagônicas tornando-se necessário observar as diversas definições de marxismo e suas diversas tendências, especialmente a social-democracia, o bolchevismo e o comunismo de conselhos.

Origem
Os pontos de partida do marxismo são a análise dialética, proposta por Hegel, a filosofia materialista de Ludwig Feuerbach, além da análise crítica às idéias e experiências dos socialistas utópicos franceses e às teorias econômicas dos britânicos Adam Smith e David Ricardo.
Marx criticou ferozmente o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, da realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir sobre a realidade. O núcleo do pensamento de Marx é sua interpretação do homem, que começa com a necessidade de sobrevivência humana. A história se inicia com o próprio homem que, na busca da satisfação de necessidades, trabalha sobre a natureza. À medida que realiza este trabalho, o homem se descobre como ser produtivo e passa a ter consciência de si e do mundo. Percebe-se então que "a história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano".
Os dois elementos principais do marxismo são o materialismo dialético, para o qual a natureza, a vida e a consciência se constituem de matéria em movimento e evolução permanente, e o materialismo histórico, para o qual o modo de produção é a base determinante dos fenômenos históricos e sociais, inclusive as instituições jurídicas e políticas, a moralidade, a religião e as artes. Para alguns estudiosos, o termo materialismo dialético, esboçado por Engels e desenvolvido por Lênin e Trotski, é uma expressão inexistente na obra de Marx, que, por sua vez, utilizara apenas o termos dialética e método dialético.
A teoria marxista desenvolve-se em quatro níveis de análise: filosófico, econômico, político e sociológico em torno da idéia central de mudança. Em suas Thesen über Feuerbach (1845, publicadas em 1888; Teses sobre Feuerbach), Marx escreveu: "Até o momento, os filósofos apenas interpretaram o mundo; o fundamental agora é transformá-lo." Para transformar o mundo é necessário vincular o pensamento à prática revolucionária. Interpretada por diversos seguidores, a teoria tornou-se uma ideologia que se estendeu a regiões de todo o mundo e foi acrescida de características nacionais. Surgiram assim versões como as dos partidos comunistas francês e italiano, o marxismo-leninismo na União Soviética, as experiências no leste europeu, o maoísmo na China e Albânia e as interpretações da Coréia do Norte, de Cuba e dos partidos únicos africanos, em que se mistura até com ritos tribais. As principais correntes do marxismo foram a social-democracia, o bolchevismo e o esquerdismo.
Praticamente todas as artes receberam influência do Marxismo através de teóricos que buscaram importar as idéias da luta de classes e da importância do engajamento dos intelectuais em tais discussões.
Na literatura, por exemplo, nos anos 70, a chamada crítica marxista pregava que a análise de textos literários deveria desconsiderar o estudo biográfico do autor e se fixar na análise dos acontecimentos ficcionais a partir da visão da luta de classes.
Essa perspectiva, e não apenas na literatura, mas em todas as artes, desenvolveu-se em um cerceamento da liberdade de muitos artistas que se viram desprestigiados por críticos e pela classe artística caso não abordassem em suas obras uma "temática social".
Em sua concepção mais recente, a crítica marxista procura intertextualizar a arte com a história, a sociologia e outras áreas do saber científico social.

[editar] História
Pode-se dizer que o pensamento de Karl Marx (1818-1883) se apóia, numa certa medida, em três tradições intelectuais já bem desenvolvidas na Europa do século XIX: a filosofia alemã, o pensamento econômico britânico e a teoria política francesa. A partir desse postulado, este trabalho se propõe a analisar a maneira como tais tradições foram apropriadas ao materialismo histórico, caracterizando-as, ainda que de forma sucinta, para uma melhor definição do contexto intelectual da vida desse pensador que, embora muito revisado e criticado atualmente, permanece como elemento que influenciará muitas das idéias "modernas", tanto no campo da filosofia, como nas áreas de ciências humanas e artes.

[editar] Pensamento Filosófico Alemão

Hegel

Feuerbach
Os elementos filosóficos de Marx foram em boa parte baseados no pensamento de Friedrich Hegel (1770-1831). A influência que a filosofia de Hegel teve sobre Marx exerceu-se por intermédio de duas fontes diferentes nas quais o hegelianismo surgiu. Uma dessas fontes foi os ensinamentos de Eduard Gans (1797-1839), que aliava o hegelianismo a elementos do Saint-Simonismo. Outra fonte foi a obra de Ludwig Feuerbach (1804-1872) A essência do Cristianismo, de 1841.
Entretanto, Marx não adotou integralmente as idéias de Feuerbach. Mas em muitos pontos dos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, obra de 1844, está patente esta influência. Feuerbach tentava inverter as premissas idealistas da filosofia de Hegel, afirmando categoricamente que o estudo da humanidade tem de ser feito a partir do homem real, vivendo num mundo real e material. Ao contrário de Hegel que considera o real como uma emanação do divino, para ele o divino é um produto ilusório do real, o ser precede o pensamento, na medida em que os homens não começam a refletir sobre o mundo antes de nele agirem. Hegel pensava a evolução da comunidade em termos de uma divisão de deus contra si mesmo. Para Feuerbach, deus é um ser inventado, no qual o homem projetou os seus mais altos poderes e faculdades, e que é assim considerado perfeito e todo poderoso. Por outro lado, porém, segundo Feuerbach, a comparação entre deus e o homem pode constituir uma inspiração positiva para a realização das capacidades humanas. Compete à Filosofia ajudar o homem a recuperar sua essência alienada através de uma crítica transformadora que inverta a perspectiva hegeliana e afirme o primado do mundo material.
O que Marx filtrou de Feuerbach e Hegel eram as possibilidades que essas filosofias ofereciam para operar uma síntese entre a análise crítica e realizar a filosofia. Contudo, Marx nunca renunciou à perspectiva histórica de Hegel.

[editar] Pensamento Político Francês

Proudhon

Conde de Saint-Simon

Charles Fourier
Desde o século XVI, autores como Thomas More (1478-1535) e Tommaso Campanella (1568-1639) imaginavam uma sociedade de iguais. Na França do século XVIII, o revolucionário Gracchus Babeuf (1760-1797) escreve o manifesto dos iguais que coloca o abismo que separa a igualdade formal da tríade “liberdade, igualdade, fraternidade” e a desigualdade real. No século XIX, com as condições econômicas e o capitalismo se desenvolvendo desde a revolução industrial, as cidades incham de proletários com baixos salários. As críticas ao liberalismo resultam da constatação de que a livre concorrência não trouxe o equilíbrio prometido e, ao contrário, instaurou uma ordem injusta e imoral. As novas teorias exigem então a igualdade real e não apenas a ideal. Em 1864 é fundada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores, mais tarde conhecida como Primeira Internacional (face à segunda, terceira e quarta, constituídas posteriormente), visando a luta para emancipação do proletariado. Esta união de grupos operários de vários países europeus teve em Marx seu principal inspirador e porta-voz, tendo este lhe dedicado boa parte do seu tempo.
Na França, o pensamento socialista teve como porta-vozes Saint-Simon, Fourier e Proudhon, mas sem haver ocorrido uma grande industrialização tal como na Inglaterra.
Os diversos teóricos do socialismo têm idéias diferentes e propõem soluções diversas, mas é possível reconhecer traços comuns:
Tentam reformar a sociedade através da boa vontade e participação de todos.
Todas as tentativas não vão alem de uma tendência fortemente filantrópica e paternalista: melhoria de alojamentos e higiene, construção de escolas, aumento de salários, redução de horas de trabalho.
Saint-Simon pensa uma sociedade industrial dirigida por produtores (classe operária, empresários, sábios, artistas e banqueiros). Fourier tenta organizar os Falanstérios (pequena unidade social abrangendo entre 1.200 e 5.000 pessoas vivendo em comunidade). Proudhon teve plena consciência do antagonismo entre as classes, afirmava que a propriedade privada significava uma espoliação do trabalho. Ele preconizava a igualdade e a liberdade, que para ele era sinônimo de solidariedade, pois o homem mais livre é aquele que encontra no outro uma relação de semelhantes. Isso já é um forte indício de uma crítica ao individualismo da concepção burguesa de liberdade.
Segundo Marx e Engels, os socialistas utópicos são inócuos porque são paternalistas, pois eles não colocam nenhuma iniciativa histórica e nenhum movimento político que lhe seja próprio. Idealistas, não reconhecem quais seriam as condições materiais da emancipação. Ainda segundo Marx e Engels, eles são moralistas, pretendem reformar a sociedade pela força do exemplo, pensam que as experiências em pequenas escalas poderão se frutificar e se expandir, por meios pacíficos. A grande questão aqui é também histórica, está dentro da pretensão cientificista do século XIX, positivista, que vê no socialismo utópico o precursor ultrapassado do marxismo científico, que mostra o movimento operário em sua plenitude.

[editar] Pensamento Econômico Britânico

Adam Smith

David Ricardo
No tocante às questões de ordem econômica, Marx tinha como pano de fundo o pensamento econômico conhecido como a Escola Clássica, constituída basicamente pelo pensamento econômico britânico, com destaque para Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823). Assim, escreve Paul Singer em sua introdução ao pensamento econômico de Marx:

Quando Marx começou a se dedicar ao estudo da economia política, na quinta década do século XIX, esta ciência já tinha recebido uma formulação teórica bastante completa, abrangentemente sofisticada por uma série de autores, que passaram a ser conhecidos como "clássicos". Estes autores produziram suas principais obras no último quartel do século XVIII e no primeiro quartel do século XIX e eram, em sua maioria da Grã-Bretanha - onde transcorria então a Revolução Industrial

'
[1]
O pensamento clássico se desenvolve na Grã-Bretanha durante segunda metade do século XVIII e no século XIX, centrando suas reflexões nas transformações do processo produtivo, trazidas pela Revolução Industrial. Adam Smith afirma que não é ouro ou qualquer outro metal que determina a prosperidade de uma nação, mas sim o trabalho humano. Em conseqüência disso, qualquer mudança que aprimore as forças produtivas enriquece uma nação. A principal delas – além da mecanização – é a divisão social do trabalho, amplamente estudada por ele. A Escola Clássica também aborda as causas das crises econômicas, as implicações do crescimento populacional e a acumulação de capital.
O pensamento econômico de Marx aparece exposto em Grundrisse der Kritik der politischen Ökonomie (Fundamentos da Crítica da Economia Política), de 1857 e em Das Kapital (O Capital), de 1867-1869. Sua teoria econômica marxista procura explicar como o modo de produção capitalista propicia a acumulação contínua de capital, e sua resposta está na confecção das mercadorias. Elas resultam da combinação de meios de produção (ferramentas, máquinas e matéria-prima) e do trabalho humano. No marxismo, a quantidade de trabalho socialmente necessária para produzir uma mercadoria é o que determina o seu valor. A ampliação do capital ocorre porque o trabalho produz valores superiores ao dos salários (que é a força de trabalho). A esse diferencial, que irá se tornar um conceito fundamental da teoria de Marx, é considerado a fonte dos lucros e da acumulação capitalista.

[editar] A Mais-valia
Ver artigo principal: Mais-valia
O que faz o valor de uma mercadoria? Eis uma pergunta que instigou os economistas da Escola Clássica e que levou Marx a desenvolver o conceito da “mais-valia”, que é descrita por Paul Singer no excerto abaixo:

Marx repensa o problema nos seguintes termos: cada capitalista divide seu capital em duas partes, uma para adquirir insumos (máquinas, matérias-primas) e outra para comprar força de trabalho; a primeira, chamada capital constante, somente transfere o seu valor ao produto final; a segunda, chamada capital variável, ao utilizar o trabalho dos assalariados, adiciona um valor novo ao produto final. É este valor adicionado, que é maior que o capital variável (daí o nome "variável": ele se expande no processo de produção), que é repartido entre capitalista e trabalhador. O capitalista entrega ao trabalhador uma parte do valor que este último produziu, sob forma de salário, e se apropria do restante sob a forma de mais-valia

'
Na verdade, o trabalhador produz mais do que foi calculado, ou seja, a força de trabalho cria um valor superior ao estipulado inicialmente. Esse trabalho excedente não é pago ao trabalhador e serve para aumentar cada vez mais o capital. Insere-se neste ponto a questão da alienação - o produtor não se reconhece no que produz; o produto surge como um poder separado do produtor. O produto surge então como algo separado, como uma realidade soberana – o fetichismo da mercadoria. Mas o que faz com que o homem não perceba? A resposta, de acordo com Marx, está na ideologia dominante, que procura sempre retardar e disfarçar as contradições politicamente. Portanto, a luta de classes só pode ter como objetivo a supressão dessa extorsão e a instituição de uma sociedade na qual os produtores seriam senhores de sua produção.
Para Marx, o Estado não supera as contradições da sociedade civil, mas é reflexo delas, e está aí para perpetuá-las. Por isso, só aparentemente ele visa o bem comum, estando de fato a serviço da classe dominante. Ao lutar contra o poder da burguesia, o proletariado deve destruir o poder estatal, o que não será feito por meios pacíficos, mas sim pela revolução. A classe operária deve construir um novo estado capaz de suprir a propriedade privada, e a esse novo Estado dá-se o nome de ditadura do proletariado.

[editar] Materialismo Histórico

Karl Marx e Friedrich Engels
Ver artigo principal: Materialismo Histórico
O primeiro fruto da associação de Marx e Engels foi o texto A Sagrada Família, e logo depois a Ideologia Alemã, sendo neste segundo texto que aparece a primeira formulação geral das bases do materialismo histórico. O próprio Marx afirma que foi a análise da filosofia do Estado de Hegel que o levou a tirar a conclusão de que “as relações legais, tal como as formas de Estado, têm de ser estudadas não por si próprias, ou em função de uma suposta evolução geral do espírito humano, mas antes como radicando em determinadas condições materiais da vida”.
A concepção do Materialismo Histórico, exposta em A Ideologia Alemã difere-se do Materialismo de Feuerbach. Para Marx, a história é um processo de criação, satisfação, e recriação contínuas das necessidades humanas; é isso o que distingue o homem dos animais, cujas necessidades são fixas e imutáveis. Quando pretendemos estudar a evolução da sociedade humana, temos de partir do exame empírico dos processos concretos da vida social da existência humana. Os seres humanos não devem ser considerados num isolamento, mas num processo de evolução real, a que estão submetidos em determinadas condições. Desde o momento em que este processo passa a ser descrito, a história deixa de ser uma coleção de fatos mortos ou uma atividade inventada de sujeitos inventados. Quando se descreve uma realidade, a filosofia como ramo independente do conhecimento deixa de existir.
Separadas da história, essas abstrações não têm qualquer valor. Servem apenas para facilitar o ordenamento histórico, não fornecendo, porém, um esquema de interpretação das épocas da história. Cada um dos vários tipos de sociedade identificados por Marx caracteriza-se por uma dinâmica interna de evolução própria. Mas essas características só podem ser identificadas e definidas mediante uma análise Ex post facto. Atribuir finalidade à história não passa de uma distorção teleológica, que transforma a história recente na finalidade da historia mais antiga. A tipologia da sociedade estabelecida por Marx baseia-se no reconhecimento de uma diferenciação progressiva da divisão do trabalho.
Em outras palavras, o que Marx explicitou foi que, embora possamos tentar compreender e definir o ser humano pela consciência, pela linguagem e pela religião, o que realmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz suas condições de existência. Fundamental, portanto, é análise das condições materiais da existência numa dada sociedade.

[editar] Materialismo Dialético
Ver artigo principal: Materialismo dialético
O mundo não é uma realidade estática, ela é dinâmica, pois no contexto dialético, também o espírito não é conseqüência passiva da ação da matéria, podendo reagir sobre aquilo que o determina. Isso significa que a consciência, mesmo sendo determinada pela matéria e estando historicamente situada, não é pura passividade: o conhecimento do determinismo liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária. Assim, Marx se denominava um materialista, não idealista. O Materialismo Histórico e o Materialismo Dialético podem, grosso modo, serem tomados por termos intercambiáveis, sendo o primeiro mais adequado ao se tratar de “coisas humanas” e o segundo adequado para aspectos não-humanos, universais etc. Engels acabou desenvolvendo mais do que Marx acerca do Materialismo Dialético.
Ainda que a afirmação de Marx de que suas idéias eram científicas tenha sido refutada veementemente, principalmente após a publicação, em 1934, de A Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper (1902-1994) e derrocada dos países denominados socialistas, a cientificidade dos estudos das ciências humanas, tal como a História, não deve ser automaticamente desconsiderada. O “erro” de Marx, talvez, possa ter sido o de superestimar a predicabilidade das sociedades humanas. Sem dúvida, nenhum dos países que se autoproclamavam marxistas trilhou os rumos profetizados por Marx. Contudo, juntos eles representavam quase um terço de toda a população mundial, o que talvez coloque Karl Marx como um dos pensadores de maior influência na história. Ainda que pouco predizíveis, as sociedades humanas certamente devem render muitas graças a este pensador nascido em Trier, pelos grandes avanços teórico-metodológicos prestados ao campo das ciências humanas durante o século XIX.


Cronologia

1843
M
A Questão Judaica

1844
M
Crítica da Filosofia do Direito de Hegel

1844 - Ago
M
Glosas Críticas Marginais ao Artigo "O Rei da Prússia e a Reforma Social". De um prussiano.

1845
M
Teses sobre Feuerbach

1846 - Ago
M/E
Feuerbach. Oposição das Concepções Materialista e Idealista (Capitulo Primeiro de A Ideologia Alemã)

1846 - Dez
M
Carta a Pável V. Annenkov

1847 - Abr
M
Luta de Classes e Luta Política

1847 - Nov
E
Princípios Básicos do Comunismo

1848
M/E
Manifesto do Partido Comunista

1848
M/E
Manifesto do Partido Comunista
[Galego]
1848 - Dez.
M
A Burguesia e a Contra-Revolução

1849 - Abril
M
Trabalho Assalariado e Capital

1850 - Fev
M
Deslocamentos do Centro de Gravidade Mundial

1850 - Mar
M/E
Mensagem da Direcção Central à Liga dos Comunistas

1852 - Mar
M
O 18 de Brumário de Louis Bonaparte

1852 - Mar
M
Carta a Joseph Weydemeyer

1852 - Set
E
Revolução e Contra-Revolução na Alemanha

1852 - Nov
E
O Recente Julgamento em Colónia

1853 - Jun
M
A Dominação Britânica naIndia

1853 - Jun
M
A Companhia das Indias Orientais - A Sua História e as Consequências da sua Actividade

1853 - Jul
M
A Revolução na China e na Europa

1853 - Jul
M
Os Resultados Eventuais da Dominação Britânica na India

1856 - Abr
M
Discurso no Aniversário de "The People's Paper"

1856 - Abr
M
Carta a Friedrich Engels (em Manchester)

1856 - Out
M
A Guerra Anglo-Persa

1857 - Jan
M
A Guerra Contra a Pérsia

1857 - Mai
E
A Pérsia e a China

1857 - Jun
M
O Tratado Persa

1857 - Set
M
Carta a Friedrich Engels (em Ryde)

1858 - Jan
M
Símon Bolívar

1859 - Jan
M
Contribuição para a Crítica da Economia Política

1859 - Ago
E
Karl Marx, "Para a Crítica da Economia Política"

1863
M
Produtividade do Capital, Trabalho Produtivo e Improdutivo

1865 - Jun
M
Salário, preço e lucro

1867
M
O Capital, Vol I, Caps. I e VII

1871
M/E
Sobre a Comuna
1873 - Mar
E
Sobre a Autoridade
[Galego]
1873
E
Sobre a Autoridade

1875 - Mai
M
Carta a W. Bracke
1875
M
Crítica do Programa de Gotha

1875 - Mar
E
Carta a Bebel

1875/1876
E
Prefácio da Dialética da Natureza

1876
E
Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem

1877
E
Anti-Dühring

1880
E
Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico

1881 - Mai
E
Um Salário Justo para Umha Jornada de Trabalho Justa
[Galego]
1883 - Mar
E
Discurso no Funeral de Karl Marx

1891 - Fev
E
Carta a Kautsky

1891 - Jan
E
Prefácio à 1ª Edição da crítica do programa e Gotha

1895
E
Contribuição Para a História do Cristianismo Primitivo

data desconhecida
M
Sobre a Questão Irlandesa




Marxismo Ocidental é o nome dado às análises marxistas levadas a cabo fora da União Soviética, sobretudo na Europa, a partir dos anos 50. O termo aparece pela primeira vez em um livro de Maurice Merleau-Ponty, As Aventuras da Dialética (Martins Fontes, 2006) e se consagra com o livro Considerações sobre o Marxismo Ocidental de Perry Anderson (Brasiliense, 1999). Segundo Merleau-Ponty, o Marxismo Ocidental começa com a obra História e Consciência de Classe de Georg Lukács.


A teoria marxista da História compreende entre várias teses a teoria da História Materialista, (materialismo histórico), que foi uma proposição efetuada por Marx e que institui uma abordagem economicista para a história da Humanidade.
A historiografia marxista ofereceu uma perspectiva importante para a compreensão do passado. Esta mostrou a importância das massas nos feitos históricos e mostrou que grandiosos homens hoje homenageados não fizeram a história sozinhos. Muito embora o marxismo tenha conseguido perceber as massas populares como integrantes ativos na construção da história, embora dominados ou alienados, não empregou um olhar que ia muito além das balizas teóricas e ideológicas pertinentes ao que se tinha como quase dogma entre os inspirados seguidores de Marx.

Limitações
No entanto, a ênfase econômica dos estudos realizados pelos historiadores marxistas não abarcou todos os aspectos da vida das sociedades ao longo da história. O fato é que aspectos também importantes da vida cotidiana das sociedades na história não estavam dentro do foco marxista e uma nova história passou a ser escrita. Atualmente, com novos e ousados métodos de estudo, os aspectos ordinários, culturais, e não apenas os singulares também interessaram aos novos historiadores e aos historiadores pós-modernos. Atualmente há uma tendência nada produtiva de se partir para o desprezo a qualquer coisa que “pareça” marxista desde o “fim” da esperança do socialismo real. Seja como for, o fato é que a história que se produz hoje atingiu um espectro de abrangência fabulosa e colocou quase todos os seguimentos sociais em seu âmbito.




Marx e a Filosofia: elementos para a discussão ainda necessária


Ester Vaisman
Professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais


RESUMO
O objetivo principal do artigo é resgatar uma velha questão polêmica entre os intérpretes de Marx: a relação do pensamento marxiano com a filosofia, e também com a questão metodológica, mas sem pretensão de esgotar tal instigante assunto. Em verdade, trata-se de indicar alguns elementos para evidenciar que não se quer dizer que esse é um tema "esgotado". Ao contrário. Assim, após esboçar a relação crítica de Marx com a tradição clássica alemã, responsável, talvez, pelo surgimento de tantos embaraços, o artigo procura esclarecer o modo como Marx entende e concebe as funções operativas da razão, bem como o estatuto que a objetividade possui em sua trajetória teórica. Ademais, problematiza-se o caráter mesmo que o saber assume em seu corpus teórico: seria um saber especulativo ou um saber da transformação? Por fim, intenta-se esclarecer o caráter do materialismo instaurado por Marx, como também referências feitas em O capital à dialética hegeliana.
Palavras-chave: filosofia marxiana, metodologia marxiana, marxismo e Filosofia. Classificação JEL: B40, B51.
ABSTRACT
The main objective of this article is to reexamine an old controversy between analysts of Marx: the relationship between Marxist thought and philosophy, as well as the issue of methodology. The purpose is not to reach a final conclusion on such an intriguing topic, but rather to point out some elements that will show that this topic is far from "worn out." To the contrary. After outlining the critical relationship between Marx and the classical German tradition, which is perhaps responsible for so much confusion, the article seeks to clarify how Marx understands and conceives the operative functions of reason, as well as the role that objectivity plays in his theoretical path. In addition, this article raises the issue of the character that knowledge assumes in his theoretical corpus: is it speculative knowledge or the knowledge of transformation? Finally, the article examines the character of the materialism initiated by Marx, as well as references made in Capital to Hegelian dialectic.
Key words: marxist philosophy, marxist methodology, marxism and Philosophy. JEL Classification: B40, B51


1_ Objetivo geral
O tema em pauta, ou seja, Marx e a Filosofia, mereceu e tem merecido a atenção de um sem-número de intérpretes, podendo ser considerado, assim, uma das mais polêmicas discussões travadas em torno da obra marxiana. Mas vale a pena lembrar Gramsci (1972, p. 116) de modo sucinto, com o objetivo de tornar claro o clima que orienta nossa exposição:
É preciso ser justo com os adversários, no sentido de que é necessário esforçar-se por compreender o que estes quiseram dizer realmente, e não se deter maliciosamente nos significados superficiais e imediatos de suas expressões.
Dito isso, é imperioso ressaltar que o nosso objetivo aqui não é o de esgotar tal polêmico tema, mas, antes de tudo, chamar a atenção para alguns pontos, que, talvez, até hoje, não tenham sido levados devidamente em consideração nas acirradas disputas teóricas sobre o caráter da relação entre Marx e a Filosofia. O objetivo é, portanto, indicar algumas chaves analíticas, sem a preocupação de tomar para exame crítico esse ou aquele intérprete como objeto de contenda teórica. Considera-se que antes dessa tarefa, sem dúvida imprescindível, é necessário indicar o perfil geral da questão.

2_ A relação crítica de Marx com a tradição clássica alemã
Talvez a fonte de tantos dilemas tenha sido a controvertida relação crítica de Marx com a tradição clássica alemã, que resultou para alguns em uma extensão não percebida de parâmetros idealistas em sua propalada "fase juvenil". Contudo, detendo-se com rigor nas obras de seu período inicial, constataremos que a fase rigorosamente idealista não passa de meados de 1843. Ou seja, o acerto de contas, a rejeição da "substância mística" hegeliana, do seu "misticismo lógico, panteísta" se realiza nas afamadas Glosas de Kreuznach. Já nesse período é possível identificar em seus contornos mais decisivos a opção gnosiológica de Marx, que rejeita qualquer tipo de construtivismo especulativo, seja este resultante de alguma tentativa de correção sofisticada – mas, sempre formalizante – dos limites das ciências do entendimento, seja ele – o que vem a ser tão unilateral e equivocado – qualquer tipo de edificação, por mais elevada ou tortuosa que seja, de algum cogito transcendental. Esses dois caminhos equivocados não elidem, por mais diferentes que sejam entre si, a distância essencial que os separa da formulação marxiana, visto que ambos não ultrapassam a dação de sentido pela razão, com a única distinção cabível de um a priori para um a posteriori.
Resumidamente, o construto muda simplesmente de lugar: antecede ou sucede o golpe de vista que se dirige ao mundo; dá sentido à entificação antes ou depois de tocá-la. Mas é sempre a razão a doadora de significação a um mundo, imanentemente carente de sentido. Condição mesma de existência de sentido, no primeiro caso; aproximação genérica, emulsão significativa em meio a um campo homogeneizado, no segundo, ambos tomam a operação mental como constituinte de sentido, divergindo entre si na forma e na extensão com que tudo se realiza. Diferença importante, mas radicalmente diversa daquela que opõe ambas à posição marxiana: a razão descobre, reproduz – "na forma única pela qual a cabeça é capaz de fazê-lo" pelo conceito o sentido das coisas.

3_ A posição de Marx a respeito do estatuto da razão: seu caráter operativo
Ao revés, para os dois caminhos anteriormente apontados, em primeiro lugar, as coisas são desprovidas de sentido e, em segundo, a razão é, digamos, a oficina ou a linha de montagem do significado.
Para Marx, contudo, as coisas do mundo humano têm elas mesmas um sentido imanente; portanto, o método aqui tem a função de buscar e captar esse sentido. A razão, em contrapartida, entendida como uma figura histórica e socialmente constituída, reproduz esse mesmo sentido. É, por isso, reprodutora de sentido, e nunca sua usina originária, como ocorre, na atualidade, em que se vive no interior de um verdadeiro imperialismo da subjetividade. O objeto que é passado, conquanto concreto, a uma forma de pensamento, ou seja, não é o pensamento que dá forma ao objeto, recortando-o na pletora caótica do mundo fenomênico. Já, em artigo de finais de 1843, Marx se posiciona a respeito, ao demonstrar os limites da crítica à religião operada por Feuerbach. Marx (1972, p. 2) afirma que a "missão da filosofia a serviço da história/.../ consiste em desmascarar a auto-alienação em suas formas profanas".
Em Teorias da mais-valia, por exemplo, tem-se a presença dessa mesma posição num momento mais adiantado do itinerário intelectual de Marx. Criticando James Mill, que pretende conferir a Ricardo coerência lógica, formal, é afirmado o que se segue: "A contradição entre a lei geral e os desenvolvimentos concretos têm de ser feita por meio da descoberta dos elos intermediários". Ademais, prossegue, Mill erra ao pretender a "subsunção direta e o ajustamento do concreto ao abstrato" (Marx, 1985, p. 1142).
Vale dizer, é um erro afirmar, de acordo com Marx, o movimento autônomo dos conceitos, regidos simplesmente por sua lógica interna. O procedimento correto é o movimento que vai do abstrato ao concreto pela descoberta das determinações intermediárias do próprio movimento concreto. Tais elos intermediários devem ser considerados como elos de especificação, produzidos pela própria realidade e ainda não conhecidos, mas passíveis de cognição.
Reconhecendo o caráter operativo da razão, em Marx, no entanto, a razão não comparece como critério de si mesma, pois, deixada a si – especula – o que é também por seu turno uma determinação histórica – acabando por acolher, quando busca dar a encarnação do finito – as mazelas deste último.1
Em suma, uma razão doadora de sentido oscila entre a aproximação genérica, vaga, unilateral e a imputação arbitrária de significados. Oscila, portanto, entre um quase nada formal e um quase tudo suposto. Como pontos de partida de uma prática, podem ir num gradiente do nada ao tudo se pode. Depende, conquanto epistemologia de direita, de que ética será colada a elas; e a arbitrariedade principia desde logo – a ética de qualquer cor poderá vesti-las.
São variantes epistemológicas que, pela segunda vez, voltam as costas às proposituras marxianas: aqui em relação a um saber que se prova quando capaz de intenção transformadora. E isso não é nenhum pragmatismo.

4_ O reconhecimento da objetividade
Trata-se, em verdade, de uma nova concepção de objetividade, que não guarda nenhum parentesco nem com a solução kantiana nem com a hegeliana. Em palavras bem simples e diretas – como convém em determinados momentos –, não se trata de organizar o mundo pela cabeça, mas organizar a cabeça pelo mundo.
A organização do mundo pela cabeça, pela razão, pelo entendimento, ou coisa que o valha, seja em que variante for – de Kant a Husserl –, pode ser feita de vários modos; em todas, no entanto, restará algo de fora do mundo – seja o noumenon, seja uma opacidade intransponível, e a cabeça organiza o mundo apenas em parte, restando ela própria limitada.
Marx reivindica a organização da cabeça regida pelo mundo, mas não o mundo das notas ou manchas empíricas, mas como todo existente e significado por si porque é (Não é o caso nesse momento discutir a importante questão da gênese.). O pensamento deixa de falar sobre si mesmo para falar sobre as coisas, ou seja, deixa que as coisas "falem" e "façam" o pensamento, já que este, em Marx, é histórica e socialmente constituído, como aludimos acima. Nesse sentido, a razão é transcendida pelo mundo, condiciona a visão sobre ele, porque é condicionada antes pelo próprio mundo. Ou melhor, nesse processo, ora transcende, ora é transcendida – condiciona por ter sido condicionada, isto é, quando o faz, já o faz como resultado. Atente-se que, para Marx, qualquer disjunção aqui é uma forma de renúncia da razão histórica e a forma pela qual ela pode ser edificada.

4_ Ciência "versus" Filosofia ou saber especulativo "versus" saber da transformação?
É necessário ressaltar, ainda, passando para outro item, mas que guarda relação direta com o anterior, que a contraposição que se pode encontrar em Marx, bem entendido, não é entre Ciência e Filosofia, como querem alguns, mas a contraposição entre "saber" especulativo e saber da transformação. Ou seja, um saber que saiba das coisas, para que estas possam ser alteradas; portanto, não é uma ciência anormativa, digamos, que ele reivindica por várias vezes e em vários momentos de sua obra. Poderíamos dizer que Marx, assim, se move, no campo originário de significação da filosofia conquanto amor (carência) de saber. Logo, em lugar do saber, da filosofia especulativa, tem-se o saber, a filosofia transformadora.
Assim, a eliminação pura e simples da filosofia do pensamento marxiano, e a definição também pura e simples por uma ciência, a aproximação de alguma versão kantiana do conhecimento, ou seja, a substituição – de novo – pura e simples da complexa questão da causalidade, substituindo-a, de algum modo, pela mera interligação empírico/analítica da convergência ou não da empiria, acaba por desobrigar da revolução; esta passa a ser um mero apelo desiderativo, e não uma necessidade real.
Num mundo inamovível e onde graça a inamovibilidade, essa desobrigação conforta, um reconforto utópico subjetivo. Em outras palavras, quando o mundo aparece incapaz de se mexer, e, em grande medida não se mexe, a única coisa que se agita é o espírito. Aqui o espírito volta a ser a revolução do mundo, tal como os neohegelianos de quem Marx nos fala criticamente não apenas em A ideologia alemã, mas também, como é sabido, em outras obras do mesmo período.
Quando a solução materialista não é capaz de dar conta do lado ativo, o idealismo assume a cena e se expande para entusiasmo da maioria. Não é sobre questões dessa ordem que Marx se pronuncia na primeira tese Ad Feuerbach?
Mas, retornando ao tema central do presente artigo, depois desse necessário volteio, é preciso que fique claro que metodologia marxiana é objeto de uma antiga preocupação, cifrada, grosso modo, na dupla convicção de que se trata de um assunto decisivo, e de que é imperioso saldar um antigo débito: atingir a elevação de seu tratamento global e sistemático.
Não será ainda, é óbvio, desta vez. E não se trata de mera e simples limitação de fôlego ou de tempo dos intelectuais que se voltaram sobre a questão. Para além disso, é fato que deve ser assumido em sua inteireza: versa sobre a reconhecida complexidade do problema que, ao longo do tempo, só fez complicar-se.

5_ O materialismo marxiano: as teses Ad Feuerbach
Da promessa não cumprida de Marx, de um dia "escrever um breve estudo sobre a lógica de Hegel", aos nossos dias, medeia mais de um século de interpretações, imputações, polêmicas, ataques, contrapropostas, simbioses e tenebrosas simplificações, que acabaram por tomar conta desse espaço de investigação, a tal ponto que se tornou quase assustador nele adentrar, implicando, acima de tudo, uma postura irredutivelmente ambígua, feita de cautela e ousadia. Assim, estas notas constituem esforço de circunstância(s), mas de uma circunstância, em especial, da vontade, até aqui muitas vezes contrariada, de voltar-se longa e sistematicamente sobre o método de Marx. Sobre o tempo – inelástico – recai a responsabilidade, uma vez que o trabalho acadêmico e intelectual tem sua própria lógica e urgências; em especial, se o intelectual não pode fazer de seu próprio paladar e preferências a urgência maior. Daí porque, nessas notas, as questões apareçam, como disse Sartre em Questão de método, "abordadas de viés". Mas esse viés não é desvio – com base em outro assunto tomado como centro – nem aproximação fortuita, imprópria ou casual – como um tropeço acidental sob o empuxo do objeto tratado –, mas, ao contrário, é proposta de elevação imprescindível ao essencial, sem o que o que está sendo feito não se faz. O viés é, pois, remissão ao decisivo, é o recolher-se, por um momento que seja, à pedra de toque que motiva, em suma, toda iniciativa intelectual de alguma seriedade, pois, valendo-me novamente das palavras de Sartre:
Toda filosofia é prática, mesmo aquela que parece, de início, a mais contemplativa; o método é uma arma social e política (Sartre, 1960, p. 10).
Bem, dito isso, tomemos para exame algumas referências diretas da obra de Marx em momentos diversos de seu itinerário intelectual: na X Tese Ad Feuerbach, tem-se explicitamente que:
O ponto de vista [perspectiva, ponto de observação] do velho materialismo é a sociedade civil (bürgerliche Gessellschaft); o ponto de vista do novo é a sociedade humana (menschliche Geesellschaft) ou a humanidade social (gesellschaftliche Menschheit) (Marx e Engels, 1976, p. 526).
Examine-se agora a IX Tese, já que nela é caracterizado o teor e os limites do ponto de vista da sociedade civil:
O máximo (Das Höchste) a que chega o materialismo intuitivo (anschauende) [contemplativo, empírico], isto é, o materialismo que não apreende o sensível como atividade prática (praktische Tätigkeit), é a intuição (Anschauung) dos indivíduos isolados [singulares] (einzelnen Individuen) e da sociedade civil (bürgerliche Gesellschaft) (Marx e Engels, 1976, p. 527).
Os aspectos que devem ser sinteticamente ressaltados da citação acima são os seguintes:
o ponto de vista, a perspectiva, o ponto de observação, ou seja, a posição, a base ou plataforma é referida pelo termo Standpunkt, no qual se tem o pretérito de stehen, isto é, estar de pé;
donde a posição do velho materialismo é a apreensão ou tem por base os indivíduos isolados – as singularidades tomadas uma a uma – e enquanto tais presentes na sociedade civil, lugar onde se defrontam. Isto é, sem apreender a gênese histórica das individualidades e da sociedade civil, não se apreende a individualidade humana pela interatividade dos singulares, não se alcança a individualidade social. Por isso, em Feuerbach, indivíduo e essência humana são naturais, "pressupondo um indivíduo humano abstrato, isolado" e "a essência só pode ser compreendida como 'gênero', como generalidade interna, muda, que liga de modo natural os múltiplos indivíduos" (Teses VI e ÍI) (Marx e Engels, 1976, p. 526-527).
Ter por base indivíduos isolados que se defrontam – é partir da sociedade civil, ou seja, acriticamente, da ordem humano-societária do capital, sem compreender que esses indivíduos isolados são produto da história, e "não sujeitos independentes por natureza", que são tomados "como um ideal, que teria existido no passado", ou seja, como expressão do "naturalismo que é a aparência das robinsonadas /.../ uma antecipação da sociedade burguesa" (Marx, 1974, p. 109).
Ao passo que o materialismo marxiano, o materialismo genético, processual ou histórico, o materialismo histórico imanente parte do sujeito e objeto conquanto atividade sensível, parte da interatividade sensível dos indivíduos, parte do trabalho, por isso da "sociedade humana" ou "humanidade social", isto é, da humanidade como sociabilidade, para a qual essas duas dimensões são indissociáveis.
Em suma, o ponto de vista do velho materialismo é a visão dos indivíduos isolados se contrapondo na arena de contradições da sociedade civil, ou seja, a sociabilidade é universalizada como o lugar dos confrontos e choque de interesses particulares dos indivíduos, isto é, a sociedade é um conjunto contraposto à individualidade, a sociabilidade é exterior à individualidade; numa palavra, no velho materialismo, indivíduo e sociedade são extrínsecos e contrapostos.
Ao passo que, no novo materialismo reivindicado por Marx, humano e social constituem uma relação fundante, só há homens em sociedade, e são as formas desta que constituem a essência dos homens: "A essência humana não é uma abstração inerente ao indivíduo singular. Em sua realidade, é o conjunto das relações sociais" (Tese VI).
Numa palavra, "[...] o ser dos homens é o seu processo de vida real" (Marx e Engels, 1974, p. 25).

6_ A resolução metodológica de Marx em "O capital" e em "A ideologia alemã"
A partir deste item, serão tomados para análise alguns fragmentos de O capital, bastante conhecidos, mas, na maioria das vezes, apresentam alguns problemas de tradução que podem vedar o acesso ao espírito da letra marxiana. Além disso, é imprescindível observar que as características principais das afirmações que se seguem guardam estreita relação com a crítica dirigida à filosofia especulativa já em meados de 1843, como foi ressaltado no início do artigo:
Por seu fundamento (Grundlage) meu método dialético não só se diferencia do hegeliano, mas também é seu oposto direto (direktes Gegenteil). Para Hegel, o processo de pensamento, que ele, sob o nome de idéia, transforma num sujeito autônomo, é o demiurgo do real, real que constitui apenas a sua manifestação externa. Para mim, pelo contrário, o ideal não é nada mais que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem (Marx, 1983, p. 20; 1971, p. 27).
Note-se que "método dialético" não diz respeito a qualquer observação de caráter simplesmente gnosiológico, mas a modos de conceber o real e o pensamento: quem é o demiurgo de quem? "Método dialético" pode ou deve ser compreendido não pela letra da expressão, mas por seu conteúdo, como posição dialética, e, como tal, como duas posições opostas: a de Hegel e a de Marx.
A seguir, confirma a Crítica de Kreuznach e desenvolve a argumentação:
[...] Há quase trinta anos (janeiro de 73/meados de 43), numa época em que ela ainda estava na moda, critiquei o lado mistificador da dialética hegeliana.
Essa afirmação de Marx endossa a crítica à especulação contida naquele texto primígeno. Especulação para Marx significa, antes de qualquer coisa, converter o pensamento em "demiurgo do real", modo pelo qual esse é reduzido a ser apenas a "manifestação externa" do pensamento", isto é, aqui está em jogo uma questão ontológica fundamental – o que é o verdadeiramente real, as coisas ou o pensamento? e não um dilema metodológico. E a resposta marxiana, como é evidente, não deixa margens para dúvidas. E a frase prossegue, narrando:
Quando elaborava o primeiro volume de O Capital, epígonos aborrecidos, arrogantes e medíocres que agora pontificam na Alemanha culta, se permitiam tratar Hegel /.../ como um cachorro morto. Por isso, confessei-me abertamente discípulo daquele grande pensador e, no capítulo sobre o valor, até andei namorando (kokettierte) aqui e acolá os seus modos peculiares de expressão.
A mistificação que a dialética sofre nas mãos de Hegel não impede, de modo algum, que ele tenha sido o primeiro a expor as suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. Em Hegel a dialética está assentada (repousa, está posta) sobre a cabeça (Sie steht bei ihm auf dem Kopf).
É importante notar que, na edição da Abril Cultural, a última frase foi eliminada, e, na edição da DIFEL/Civilização Brasileira, comparece na tradicional e distorcida versão pela qual temos que "em Hegel, a dialética está de cabeça para baixo". Esta última versão simplesmente toma a frase como metáfora, apontando abstrata e simplesmente para uma inversão, sem dizer do que consiste e qual é sua natureza, o que é feito pela eliminação do conteúdo preciso da frase, qual seja – a de que a dialética hegeliana é uma dialética da cabeça, ou baseada na cabeça, do ou baseado no pensamento, razão, faculdade de pensar, entendimento, etc. Vale dizer, Marx não refere de imediato uma inversão, mas aponta ou denuncia antes, criticamente, o caráter, ou melhor, o elemento do qual é extraída, melhor ainda, diz que a dialética hegeliana, repousando sobre a cabeça, seria uma exposição das "formas gerais do movimento do pensamento", e conquanto tal se apresenta sob invólucro mistificado. Na seqüência de seu raciocínio é que aparece uma proposta de inversão, não propriamente uma constatação de inversão: "É necessário virá-la, para descobrir o caroço racional dentro do envoltório místico" (Man muß sie umstülpen, um den rationellen Kern in der mystischen Hülle zu entdecken) (Marx, 1983, p. 21).
Passar da cabeça às coisas, eis a proposta de inversão; não se trata de fazer inversões [...] na dialética hegeliana, mas passar da plataforma do pensamento à plataforma das coisas para descobrir o caroço racional na dialética de Hegel; não é uma proposta de correção da dialética hegeliana para a passagem do ideal para o material e real, mas, a partir deste, pode-se atinar com o caroço racional daquela: pelo estudo das coisas se encontra o coágulo racional da lógica hegeliana, ou seja, "as formas gerais do movimento", porque "no entendimento positivo do existente /.../ [se] apreende cada forma existente no fluxo do movimento" – ou seja, quando se apreende o movimento das coisas pode-se expor "as formas gerais do movimento". De modo que o que Hegel supõe sejam os movimentos da idéia nada mais são do que os movimentos gerais das coisas, que ele expõe de modo mistificado, lógico, especulativo. Essa mistificação, logicismo ou especulatividade está em supor que seja do pensamento aquilo que é das coisas, dos seres. A inversão exigida por Marx é, portanto, de ordem ontológica. E o verdadeiro território ôntico se deixa ver pelos apontamentos da seqüência da exposição marxiana:
Em sua forma mistificada, a dialética foi moda alemã, porque ela parecia glorificar o existente. Em sua configuração racional é um incômodo e um horror para a burguesia e para os seus porta-vozes doutrinários, porque, no entendimento positivo do existente (positiven Verständnis des Bestehenden), ela inclui ao mesmo tempo o entendimento da sua negação, da sua desaparição inevitável; porque apreende cada forma existente no fluxo do movimento, portanto também com seu lado transitório; porque não se deixa impressionar por nada e é, em sua essência, crítica e revolucionária (Marx, 1983, p. 21).
Note-se aqui a emergência a concepção de ser em sua dinâmica processual, origem, desenvolvimento que desemboca em sua "desaparição inevitável", ou seja, em sua morte. Desaparição por conta da própria lógica ou dinâmica das coisas, não por um pretendido movimento dissolutivo da consciência como dialética negativa.2
Podem-se encontrar antecedentes textuais ao acima referido de crítica à especulatividade mistificadora de Hegel, por exemplo, em A ideologia alemã, nos seguintes termos:
Toda essa aparência, a aparência de que a dominação de uma classe determinada é somente a dominação de certas idéias, desaparece natural, por si mesma, tão logo a dominação de classe deixe de ser a forma da ordem social, tão logo não seja mais necessário apresentar um interesse particular como geral ou 'o geral' como dominante.3 Uma vez que as idéias dominantes tenham sido separadas dos indivíduos dominantes e, principalmente, das relações que nascem de uma dada fase do modo de produção, e que com isso se chegue ao resultado de que na história as idéias sempre dominam, é muito fácil abstrair dessas idéias 'a idéia' etc. como o dominante na história e nesta medida conceber todos estes conceitos e idéias particulares como 'autodeterminação' de o conceito que se desenvolve na história. É então também natural que todas as relações dos homens possam ser deduzidas do conceito de homem, do homem representado, da essência do homem, de o homem. Assim procedeu a filosofia especulativa. O próprio Hegel confessa no final da Filosofia da História (1830) que 'só considera o progresso do conceito' e que expõe na história a 'verdadeira teodicéia' (Marx e Engels, 1996, p. 76).
Na mesma obra, como reforço do exposto, sob o aspecto da recusa do espírito de sistema em Filosofia, tem-se o seguinte fragmento:
Até em seus últimos esforços, a crítica alemã não abandonou o terreno da filosofia. Longe de examinar seus pressupostos filosóficos gerais, todas as suas questões brotaram de um sistema filosófico determinado, o sistema hegeliano. Não apenas em suas respostas, mas já nas próprias questões havia uma mistificação. Essa dependência de Hegel é a razão pela qual nenhum desses novos críticos tentou uma crítica de conjunto do sistema hegeliano, embora cada um deles afirme ter ultrapassado Hegel. Em suas polêmicas contra Hegel, e entre eles a isto se limitavam, cada qual isola um aspecto do sistema hegeliano e o volta, ao mesmo tempo, contra o sistema inteiro e contra os aspectos isolados pelos outros. Inicialmente, tomam-se categorias hegelianas puras, isentas de falsificação, tais como as de substância e autoconsciência; depois, as categorias são profanadas com nomes mais mundanos, tais como os de Gênero, o Único, o Homem etc. (Marx e Engels, 1996, p. 23-24).
E depois de denunciar de Strauss a Stirner por se terem limitado à crítica das representações religiosas, que passaram a englobar todas as formas de representação, de tal sorte que "toda relação dominante era uma relação religiosa /.../ e o mundo se viu canonizado", Marx conduz uma reflexão particularmente significativa:
Os velhos hegelianos haviam compreendido tudo, desde que tudo fora reduzido a uma categoria da lógica hegeliana. Os jovens hegelianos criticaram tudo, introduzindo sorrateiramente representações religiosas por baixo de tudo ou proclamando tudo como algo teológico. Jovens e velhos hegelianos concordavam na crença no domínio da religião, dos conceitos e do universal no mundo existente. A única diferença era que uns combatiam como usurpação o domínio que os outros aclamavam como legítimo.
Desde que os jovens hegelianos consideravam as representações, os pensamentos, os conceitos – em uma palavra, os produtos da consciência, por eles tornada autônoma – como os verdadeiros grilhões dos homens (exatamente da mesma maneira que os velhos hegelianos neles viam os autênticos laços da sociedade humana), é evidente que os jovens hegelianos têm que lutar apenas contra essas ilusões da consciência. Uma vez que, segundo suas fantasias, as relações humanas, toda a sua atividade, seus grilhões e seus limites são produtos de sua consciência, os jovens hegelianos, conseqüentemente, propõem aos homens este postulado moral: trocar sua consciência atual pela consciência humana, crítica ou egoísta, removendo com isso seus limites. Assim, exigir a transformação da consciência vem a ser o mesmo que interpretar diferentemente o existente, isto é, reconhecê-lo mediante outra interpretação. /.../ Os mais jovens dentre eles descobriram a expressão exata para qualificar sua atividade quando afirmam que lutam unicamente contra 'fraseologias'. Esquecem apenas que opõem a estas fraseologias nada mais do que fraseologias e que, ao combaterem as fraseologias deste mundo, não combatem de forma alguma o mundo real existente. /.../ A nenhum destes filósofos ocorreu perguntar qual era a conexão entre a filosofia alemã e a realidade alemã, a conexão entre a sua crítica e o seu próprio meio material (Marx e Engels, 1996, p. 25-26).
Esse longo extrato faz lembrar da herança iluminista: contra o espírito de sistema em Filosofia, contra a especulatividade e o propósito prático do saber, marcando uma posição teórica ativa e operativa, que parte do reconhecimento do mundo e para este se volta.
No que diz respeito às relações entre conceito e categoria no universo do pensamento de Marx, é necessário aduzir algumas palavras a respeito, baseadas, principalmente – mas não só –, em importantes passagens da chamada Introdução de 57, quando Marx, ao examinar criticamente o método da Economia Política, fala-nos da necessidade do "caminho de volta", inexistente, é claro, no procedimento dos economistas ingleses. Ademais, é bom lembrar que, nesse mesmo escrito, Marx volta a falar também criticamente da posição especulativa hegeliana, ao salientar que:
No primeiro método [o dos economistas E.V.], a representação plena volatiza-se em determinações abstratas, no segundo [o caminho de volta E.V.], as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto por meio do pensamento. Por isso é que Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que se sintetiza em si, se aprofunda em si, e se move por si mesmo; enquanto que o método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto não é senão a maneira de proceder do pensamento para se apropriar do concreto, para reproduzi-lo em concreto pensado. Mas este não é de modo nenhum o processo da gênese do próprio concreto (Marx, 1974, p. 122-123).

7_ Conclusão
Levando em conta as considerações acima, poder-se-ia afirmar, a título de uma breve aproximação, que:
O conceito, de um lado, afirma, estabelece, põe uma determinação; opera, pois, uma representação.
Simultaneamente, o conceito se mantém como abstração, isto é, incompleto, aberto assim, para se articular com outros conceitos, formando assim, permitindo assim, ou ainda, "pedindo" assim, o concurso de outros conceitos com os quais forma então um feixe de abstrações que possui a função da determinação, da especificação. Tal abertura e articulação não são "livres", ou caóticas. O processo aqui é conjunto dos momentos aproximativos, e o ordenamento remete à matrização do ser que ele busca tornar um "concreto pensado".
Na medida em que cada categoria é, pois, ao mesmo tempo, determinação e abstração, isto é, conteúdo limitado e aberto, não é, pois, definição (no sentido de limitar e fechar), mas é determinação que limita e abre: abre para – ganhando novo conteúdo – ser novamente limitada. Conquanto relação conceitual, passam a ser indiscerníveis: concretam pelo conceito o concreto real. Sem esse tipo, por assim dizer, de mútua flexibilidade, não pode haver concreção. Estão eliminados, portanto, quaisquer tipos de conceito/categoria ou procedimento formais. É evidente que se o método de que nos fala Marx é o método da concreção, suas categorias ou conceitos deverão mostrar-se capazes de promover esse processo determinativo e especificador, impensável como combinatória de noções abstratas. De sorte que o dado empírico é dado para a superação pelo processo determinativo e especificador (a concreção), e não para ser enquadrado pela noção formal. A abstração aqui compreendida é o primeiro momento da concreção, não é um contorno fixo, mas um nódulo elementar pronto a se transfigurar no roteiro especificador, singularizador, o da concreção, como já referido. Não acolhe, por via de conseqüência, nem é posta para acolher os dados empíricos, mas é posta como ponto de partida significativo, fundindo-se com novas determinações que vão sendo extraídas e estabelecidas a partir do próprio real. Vale dizer, não se trata de um procedimento regido por regras formais ou por uma normatividade arbitrária.
Portanto, método é meio, razão porque, diante de cada objeto, tem de ser edificado (Giannotti, 1972, p. 118).
Em suma, o pensamento de Marx não é um modelo, uma vez que seu itinerário filosófico-científico é a apreensão da lógica objetiva dos seres e dos processos, é a concreção conceitual da regência imanente das existências, e não a logificação da pletora fenomênica pela adjudicação a ela de um nexo exterior a ela adredemente construído, não importante aqui se este construto seja uma inferência a partir de uma saturação empírica, em face da qual, na seqüência, se independentiza.

Referências bibliográficas
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